Poema
Soneto de janeiro
Nada de bom se faz sob as estrelas,
quando a luz invade a cama e os lençóis;
já foram perdidas todas as estribeiras
no meio dessa bagunça aqui na foz.
Resquício do nosso amor é a saudade
e o desejo de tê-la sem maldade,
no quarto que bem conhece a tua voz
e a guarda mais que todos nós, em nós.
Perdeu-se, em algum momento, o limite;
as súplicas invadem todo o cantar,
fazes-te de perdida a noite toda.
Tu brincas de me dizer, de me amar;
resquícios teus, n’algum lugar, persistem
e, a provocar, brincam de me deixar.