Publicações

Jô Soares

Não entendi a tua morte.A partida, ainda que velha amiga,sempre vem trajada diferente. Um país inteiro sentirá tua falta;teu legado, porém, está escrito.Admirado, serás sempre lembrado. Dominavas a arte de impressionar;com elegância, sabedoria e sensatez,Jô Soares é imortal por tudo o que fez.

Sambinha pra Portela

Nunca gostei de samba,mas, quando conheci a Portela,o meu mundo mudou.Senti um alumbramento,forte encantamento,a avenida parou. Ela tem um quê de artedifícil até de explicar;não há quem segure a caneta,de tão inspirado o poetaantes, durante e depoisda alegoria passar.

Loucuras de amor

Hoje eu queria dizer que estou com saudade de escrever. Fico triste quando as pessoas dizem que escreviam desde a tenra idade, mas, com o tempo e os afazeres da vida, acabaram por abandonar a escrita. A literatura salva e escrever, sobretudo quando nos sentimos sufocados, é uma das melhores coisas do mundo. Só o […]

É preciso ser firme e forte

No dia em que meu pai foi embora (para os espíritas, desencarnou), uma voz ecoou em minha mente e dizia: é preciso ser firme e forte. Antes do anúncio oficial, algo já me alertava sobre uma viagem que eu ia precisar fazer. Ora, que viagem teria de fazer, se não para levar o meu pai […]

A biblioteca perdida de Alcides Werk

Com mais de mil títulos, a biblioteca de Alcides Werk sempre foi uma lenda. Ouvi falar dela pela primeira vez através do meu pai; dizia que, além de clássicos autografados por Aníbal Beça, Thiago de Mello e Rachel de Queiroz, especulava-se até sobre cartas escritas à mão pelo próprio Carlos Drummond de Andrade. Em mensagem […]

Despedida

Quando descobri as curvas do teu corpo, eu era apenas um menino;encantado, pouco sabia qual era a direção certa,bobo a cada pequena e sutil descoberta;teus ânimos de prazer eram o motivo do meu desatino. Não tivera eu querido dizer palavra tão pouca;motivo do teu escárnio eram verdades por dizer.Mal sabes que, a continuar assim, serás […]

 Escrever para jornal

Muitos dos grandes escritores escreveram para jornais, dentre eles podemos elencar, sem pestanejar, Machado de Assis, Clarice Lispector, José Saramago e o próprio Dostoiévski. Não que tenha algo de diferente, que quer que seja, é meramente analítico; porém, me dá, à pena ática, a sensação de que estou num lugar familiar para a minha essência […]

Partida

Eu queria querer ficar,não partir, com a minha partida,o teu já tão partido coração.Eu queria, deveras, amar,não transformar em mais dorum livro ainda em criação. A história que aqui encerro foi bela e divertida,daquelas em que os livros se passamem famosas avenidas,onde tudo é um frenesi de felicidade e levezaa transpor, em versos, a essênciado […]

O esvanecer do crepúsculo

Não te rias de mim, que te amo tanto;as loucuras de te amar já não são espanto.Já deveria ser outra a matéria da minha poesia:deixes de ser louco, em tantos lugares há alegria. A rir de ti e de mim, hoje nem me lembro maiso tanto que sofri a pensar em ti,na loucura que seria […]

Carta para o amor do futuro

Se sou poeta, agradeça ao meu coração tresloucado que, a tomar decisões duvidosas, me transportou a situações férteis para a literatura. Um pouco a contragosto, aceitei o desafio de escrever uma carta para o amor do futuro, aquele mesmo que eu ainda nem conheço (ou talvez conheça e não saiba que acabará por se tornar […]

Aquarela das tuas cores

Meu coração encostou no teuno dia em que estivemos a dançar;manchado pelo teu coração de tinta,não vê a hora de te reencontrar. Todo artista uma essência entoa,essas coisas que sabemos fazer bem;tudo me leva a crer que não a conheci à toa,atraídos pela arte que não sabemos viver sem. O medo de errar a gente […]