Lapsos de saudade
Tua ausência, menina,deixa-me um pouco diferente;uma alma alegre, poética e contenteperde todo o encanto e a felicidadequando, em meio ao dia, devaneiaem lapsos breves de saudade.
Tua ausência, menina,deixa-me um pouco diferente;uma alma alegre, poética e contenteperde todo o encanto e a felicidadequando, em meio ao dia, devaneiaem lapsos breves de saudade.
O que me encanta é pouco decote,um olhar misterioso e um sorriso.O que me encanta é pouca ganância,a ausência da arrogânciae um pouco mais de riso.
Seios no peito;mãos na cintura;rosto no rosto;lábios nos lábios;língua na língua.
O requinte do teu semblantepossui alvura angelical;para teu gesto desnudo,explicação que seja, é fantasmal. O ninho dos braços teusenlaça-se noutros braçose desfaz nossos laçosnuma amásia macilenta.
Meu olhar vai ao encontro do teu,meu olhar te procura,mesmo sabendo que tu não me amas,mesmo perante tal tortura. Pelos cantos dos olhos,em devaneio fico a pensar:será que é deveras tão bom,o ato de te beijar? Separados pelo mundo,unidos pela cogitação.Sei que, moça, tu não fizeste nada;porém, o teu nadaroubou o meu coração.
Foi intenso e poético,o beijo que você me deu.Sendo assim, a gente não percebeuque estava todo mundo olhando…
Musa idealizada,musa da inspiração,musa que há pouco se reveloudentro do meu coração. Em versos, me desmancho;em lágrimas, me refaço.E logo tento sobreviverneste pequeno mundo escasso. E, enquanto não me declaro,poesias anônimas fareie as declamarei para a rosa do amor,a rosa da saudade,a rosa que finjo ser você.
Primeiro poema de Pedro K. Calheiros, ponto de partida da sua trajetória como escritor. Um raro registro das suas primeiras experimentações na literatura.