Sobre a escrita

Loucuras de amor

outubro 11, 2022 · Pedro K. Calheiros

Hoje eu queria dizer que estou com saudade de escrever. Fico triste quando as pessoas dizem que escreviam desde a tenra idade, mas, com o tempo e os afazeres da vida, acabaram por abandonar a escrita. A literatura salva e escrever, sobretudo quando nos sentimos sufocados, é uma das melhores coisas do mundo.

Só o papel sabe o quanto eu morri de amores pela Antonella; fiquei encantado pelas curvas do Rio de Janeiro; me declarei — e vivo a me declarar — a Manaus e tento, por mais que sem sucesso, falar sobre outra coisa que não seja o amor. É difícil, já que sou um eterno apaixonado.

Sinto-me perto da realidade daquelas pessoas que abandonaram a escrita, uma vez que escrever tem sido cada vez menos um ato de libertação. Talvez porque, dentro do meu peito, as palavras estejam iguais ao meu coração: gastas demais.

A escrita tem sido um rio onde deságuam as minhas paixões em poesias, textos e lamúrias vãs. Quando não estou apaixonado, como fica? Preciso me reinventar. Falar sobre coisas que eu não falaria. Talvez escrever uma história de suspense, quem sabe?

Tudo isso me leva a um ponto que eu preciso desmistificar: sou romântico demais. Mas não sou romântico (já fui) do tipo que faz loucuras de amor sem ter certeza. Normalmente, quando faço algo, a outra pessoa tem alguma noção clara de que eu a quero.

Uma vez, eu escrevi um livro para uma garota e publiquei no auditório da escola; ficaram a gritar o nome dela que, nervosa, se fez de sonsa e fingiu que não era com ela. Teve a vez também em que eu quase comprei passagens para ir ver uma garota em Macapá. A última loucura que fiz eu não posso contar, já que ela lê essas crônicas. E você, qual sua maior loucura de amor?