Carta para o amor do futuro
Se sou poeta, agradeça ao meu coração tresloucado que, a tomar decisões duvidosas, me transportou a situações férteis para a literatura. Um pouco a contragosto, aceitei o desafio de escrever uma carta para o amor do futuro, aquele mesmo que eu ainda nem conheço (ou talvez conheça e não saiba que acabará por se tornar um amor). Mas, amor, não é nada pessoal; só acho que é estranha a ideia de me dirigir a alguém que eu não sei quem seja e, ainda assim, saiba que a amarei muito.
Dei-me conta de que o amor tem sido matéria repetitiva da minha poesia e, mesmo sem perceber, tenho escrito missivas em versos ao amor do futuro há algum tempo. Algo sobre uma lavra de mulher que me arrepia a pele, a alma e me faz querer escrever em situações nas quais a escrita é impraticável e, nesse caso, a minha literatura a batizou de “Edição Limitada”.
“É preciso fazer parte, um pouco ou muito, de arte”, disse eu em um poema; então imagino que, atraída pela sintonia do que emanei, a tua essência seja tão artística quanto os meus versos imaginaram.
É bem provável que eu te leve a museus, espetáculos e peças teatrais. Que dancemos, bebamos drinks (vou te fazer amar Moscow Mule) e façamos algum programa aleatório de casal para Presidente Figueiredo. Nós faremos amor nos lugares mais inusitados, viajaremos pelo mundo e tudo será registrado na minha poesia para, depois, eu lançar um livro e mostrar aos nossos filhos que ainda é possível viver um amor no século da putaria.