Último dia na faculdade de Direito

Hoje é meu último dia na faculdade de Direito. Lembro-me como se fosse ontem, à minha espera em um dos sofás vermelhos, o Pai a ler o jornal; “Como foi a prova, filho?”

Era uma redação, eu havia ido bem. Minha tentativa de entrar em uma faculdade pública havia malogrado e, para começar logo o curso, decidimos que eu começaria logo na particular. Era uma grande ironia, afinal, meu pai era famoso por fazer diversos alunos ingressarem na faculdade pública; numa conversa sincera, porém, chegamos a um consenso: a minha saúde mental era mais importante do que um logotipo no diploma.

A Faculdade Santa Teresa me acolheu com carinho; me tornei o aluno escritor; eles patrocinaram a publicação do meu terceiro livro. Desde o início, tratando-me de um jeito premium, senti que eu estava em casa. A minha relação com os professores, coordenadores e a própria mantenedora, Dra. Maria do Carmo Seffair, sempre foi muito boa.

Durante a minha jornada acadêmica, conheci muitas pessoas; a experiência foi grandiosa. O curso de Direito, em sua essência, expandiu a minha mente para muitas coisas — e me tornou um ser humano melhor.

Pedi um expresso e um cookie; do cardápio todo eu já enjoei, mas eu precisava da solitude que somente aquela cafeteria poderia me proporcionar. Um amigo chegou; conversamos sobre a vida, principalmente sobre a psicologia que alberga as relações sociais. Foi uma boa conversa.

Após a prova, uma confraternização; o farfalhar dos alunos do primeiro período me encanta, há uma animação e um brilho no olhar que há tempos eu perdi. A ironia do destino fez com que as minhas últimas matérias a serem cursadas fossem com calouros; amigos queridos que me adoraram de um jeito especial. A Giovanna, minha crush da sala, nem se despediu de mim.

Após cinco anos, o sentimento é de incompletude; eu queria meu Pai aqui para me entregar o canudo. O Direito me ensinou, porém, que nem sempre a vida é justa e a tua partida, Pai, é algo que ainda tento compreender.